Pois bem, antes de iniciar essa discussão, precisamos falar sobre psicomotricidade.
Segundo a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (2003), a Psicomotricidade consiste em trabalhar o movimento organizado e integrado, em função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua individualidade, sua linguagem e sua socialização (BARROCO, 2007, p. 12). Engloba, portanto, em sua prática aspectos cognitivos, afetivos e motores que se encontrem desassociados.
Dentro desse conceito, Constallat (2002) sugere que o indivíduo busca o equilíbrio ativando potenciais psíquicos na realização de atividades funcionais, através da noção corporal, equilíbrio, coordenação motora, lateralidade, tonicidade, controle da respiração, dentre outros. Visando a estimulação das vias perceptivas, da atenção, memória e discriminação, da coordenação vasomotora, resultando em ações precisas e coesas. Os aspectos da psicomotricidade no tratamento motor relativo ao sistema neurológico são comportamentos não aprendidos que surgem de maneira espontânea desde que o sujeito tenha condições consideráveis de se movimentar (MENEZES, HARTMANN, 2009).
O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional considera a fisioterapia:
“ uma ciência aplicada, cujo objetivo de estudo é o movimento humano em todas as suas formas de expressão e potencialidades, quer nas suas alterações patológicas, quer nas suas repercussões psíquicas e orgânicas, com objetivos de preservar, manter, desenvolver ou restaurar a integridade de um órgão ou sistema”.
A interação entre diferentes áreas de conhecimento é cada vez mais comum, já que os resultados alcançados em pesquisas internacionais têm demonstrado sucesso. Portanto, a associação das técnicas fisioterapêuticas aos conceitos das técnicas psicomotoras vem somar-se ao tratamento fisioterapêutico trazendo o lúdico à terapia física e a importância de considerar o indivíduo como um todo evitando dissociar o corpo da mente (GODOY E SOUZA, 2008).
Os objetivos da psicomotricidade são alcançados através de brincadeiras como correr, brincar com bolas, bonecas e jogos, que trabalhem todas suas dimensões, incluindo, principalmente, motricidade fina, que ajudará o indivíduo a ser mais independente funcionalmente e com isso desempenhar com mais qualidade as suas atividades de vida diária.. Através da brincadeira o terapeuta psicomotricista, que pode ser o fisioterapeuta ou o terapeuta ocupacional, observam o funcionamento emocional e motor do indivíduo e utilizam outras brincadeiras para corrigir as alterações à nível mental, emocional ou físico, de acordo com a necessidade de cada um (SANTINO et al., 2013).
Na coordenação motora, tanto fina quanto grossa, ocorre participação de alguns sistemas do corpo humano, como o sistema muscular, sistema esquelético e sistema sensorial. Com a interação desses sistemas, obtêm-se reações e ações equilibradas, orientadas por nós fisioterapeutas. A velocidade e a agilidade com que a pessoa responde a certos estímulos medem a sua capacidade motora, onde o fisioterapeuta, a partir dos seus conhecimentos em anatomia, neuroanatomia, cinesiologia e biomecânica, fisiologia humana, além de neurologia infantil e adulto, é extremamente APTO para corrigir e/ou estimular o desenvolvimento neuropsicomotor através da PSICOMOTRICIDADE (SERRÃO, 2020).
Então, retomando o nosso questionamento inicial: FISIOTERAPEUTA PODE ATUAR NA PSICOMOTRICIDADE?
Após a contextualização do tema, a resposta é evidentemente SIM!
Prof. Dra. Maria Eduarda de Lima
Coordenadora do Curso de Fisioterapia da Faculdade do Vale do Rio Arinos